Imagine uma criança com o sorriso de orelha a orelha. Ficou “derretido” com a cena? Se ficou, tome cuidado para não “escorregar” nas finanças. Afinal, o que os baixinhos mais querem no dia 12 de outubro nem sempre é, exatamente, o que você pode comprar. O jeito é seguir a lógica inversa, ou seja, convencê-los de que o que você pode comprar é, exatamente, o que eles mais querem, ou, ainda, que existem opções de presente mais em conta e, igualmente, agradáveis. A missão, dizem os especialistas, é difícil, mas necessária para evitar dívidas e ensinar valores aos futuros cidadãos.
Ivanilda Albuquerque sempre estabeleceu limite para educar as quatro filhas Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press
Antes das compras, os pais devem fazer um diagnóstico financeiro, isto é, verificar o quanto têm para gastar com o presente. O ideal, aponta o educador financeiro Reinaldo Domingos, é que esse planejamento seja anual e considere todas as datas comemorativas que “exigem” despesas, como Natal, aniversários e o próprio Dia das Crianças.
Estabelecido o limite, é hora devocê perguntar aos baixinhos o que querem ganhar de presente no dia 12. Se a opção deles for mais cara do que o previsto, prepare-se para as reclamações, acreditando que são mais “agradáveis” do que as dívidas geradas por um gasto fora dos padrões. Quando estiver se sentindo imune às carinhas de choro, reúna a família para um diálogo aberto. “Os pais devem conversar com o filho, explicar que não podem comprar aquele brinquedo, listar prioridades e tentar chegar a um acordo em relação a um presente alternativo, mais barato”, aconselha Domingos.
Esse tipo de conversa pode ajudar os pequenos a compreenderem o valor do dinheiro. Tudo depende da postura dos pais. Para Domingos, uma boa medida é prometer um presente melhor no Natal (ou aniversário), desde que a criança faça sua parte, reduzindo certos gastos cotidianos. Assim, a tendência é que ela aprenda sobre a necessidade de fazer escolhas e a importância de economizar hoje para realizar sonhos no futuro.
O economista Josué Mussalém concorda que a conversa franca é importante para o desenvolvimento das crianças. “É preciso fazer com que entendam a busca pelo menor preço. Os pais podem dizer que têm dinheiro para comprar aquele presente, mas que vão dar outro, porque está mais barato. Então, os filhos vão compreender a questão do valor e da cidadania”, diz. Segundo Mussalém, quem recebe tudo na infância costuma crescer com a ideia de que o mundo precisa lhe fornecer qualquer coisa que queira.
Foi isso que a pesquisadora Ivanilda Albuquerque tentou evitar, na criação das quatro filhas (com idades entre 22 e 10 anos). Tentou e conseguiu. “Sempre tive cuidado de manter os limites, preocupada com a possibilidade de não conseguir dar o que pedissem no futuro. Por isso, quando não podia comprar o presente que queriam, eu conversava, explicava a situação e buscava um consenso”, conta. Para Ivanilda, essa abertura no relacionamento foi fundamental para que toda a sua “turminha” assumisse uma postura cautelosa e responsável em relação ao trabalho e ao dinheiro.
Segundo os especialistas, uma boa forma de incentivar essa postura é levando os filhos para pesquisar os preços dos brinquedos nas lojas e na internet. Mas uma “aventura” assim exige cuidados especiais: os pais não podem se deixar dominar pelos caprichos e pedidos dos pequenos.
Mais dicas para o Dia das Crianças:
- Visite as lojas de rua, principalmente do Centro da cidade. Nos shoppings, os produtos costumam ser mais caros.
- Sempre prefira as compras à vista, desconfiando das vantagens oferecidas pelos vendedores.
- Na falta de dinheiro para presentes, sugira um passeio especial com a família. Ás vezes, isso pode render lembranças bastante positivas para a criança.
- Se você estiver com muito dinheiro disponível, doe presentes para organizações que ajudem crianças pobres ou doentes. Quando for comprar esses presentes, leve o seu filho com você e explique para ele o que estão fazendo.
- Não dê dinheiro como presente para as crianças mais novas ou que não tenham muita noção de despesas e valores.
- Ao conversar com seu filho, sugira presentes que também puxem para o lado do conhecimento, como livros e jogos educativos.
- Abra uma caderneta de poupança para seu filho e explique a ele sobre a importância de juntar dinheiro para realizar seus maiores sonhos no futuro.
Fonte: http://www.diariodenatal.com.br/2010/10/03/economia5_0.php
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